*Teresa Cunha Pinto
A comunicação está no centro de tudo o que um museu faz. Esta é a sua principal natureza ou, até se quisermos, a sua principal vocação. Estudo, investigação, conservação, interpretação, valorização, programação e exposição do património: a comunicação está inerente a todas estas atribuições e é redutor tentarmos compreender cada uma delas sem ter em conta esta dimensão e a sua preponderância.
Os museus são por natureza organizações comunicadoras, em permanente diálogo e interacção com os seus públicos e com a comunidade onde se inserem. Assim se faz um museu. Só desta forma é que os conseguiremos entender como meios de desenvolvimento social, cultural e económico.
A dimensão da comunicação é muito frequentemente esquecida pelos museus portugueses. Fechados em si, esquecem-se que são organizações abertas ao mundo e acabam por contribuir para aumentar a distância que existe entre a sociedade e as instituições museológicas. Não faz sentido que qualquer português que vá a Paris não hesite em visitar o Museu do Louvre, mas viva em Portugal sem nunca ter visitado algum museu na sua localidade. Quantos portuenses nunca terão visitado o Soares dos Reis? Quantos lisboetas nunca visitaram o Museu de Arte Antiga? Quantos conimbricenses nunca visitaram o Museu Machado de Castro? Quantos viseenses nunca terão ido ao Museu Grão Vasco? Muitos, certamente.
Não faz sentido que não sintamos os nossos museus enquanto locais de encontro, de identificação, de lazer, de enriquecimento, de estudo e de constante interacção. Há muito trabalho a fazer e os museus têm de assumir, verdadeiramente, a sua responsabilidade para que consigam ocupar um lugar relevante na vida das pessoas. Os museus não podem mais abdicar da sua natural tendência comunicadora, garante da sua razão de ser e da sua missão social e cultural na sociedade. Mais do que investir monetariamente (embora seja essencial, também) na comunicação de um museu, é, primeiramente, necessário tomar consciência da sua importância, sob pena de se realizarem investimentos desmedidos, pouco ponderados e calculados e sem projecção a longo prazo.
Os museus têm de estar dispostos a actualizar as suas práticas, a arrojar nas programações, a investir na divulgação, a criar mecanismos de comunicação com a comunidade, a criar conteúdos diferentes e mais atractivos, a estabelecer parcerias com escolas e instituições de ensino profissional e superior, a priorizar a criatividade e a inovação em toda a sua esfera de acção. Em suma, urge comunicar, colocar a lente da comunicação de forma transversal em tudo o que o museu faz, abrindo portas e janelas para o mundo, deixando a comunidade, verdadeiramente, entrar, dando-lhe a oportunidade de ser, também, uma peça ativa e transformadora do património nacional.
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*Teresa Cunha Pinto, 26 anos, Porto, Gestora de Comunicação.
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