Foi dado a conhecer ao público e à comunicação social, no passado dia 10 de Abril, no Museu de Lisboa – Teatro Romano, o projecto Lisboa Romana | Felicitas Iulia Olisipo.
Lisboa Romana é um projecto sobre a presença romana em Lisboa e na Área Metropolitana (AML), que pretende ser uma referência no âmbito da investigação e conhecimento relativo a este período e, ao mesmo tempo, dar a conhecer ao público todo este património, muito dele ainda por estudar.
Neste momento, decorrem várias escavações arqueológicas na região, as quais têm permitido ampliar o conhecimento sobre o funcionamento e a vida na antiga Felicitas Iulia Olisipo, nome dado pelos romanos ao município cuja área correspondia à actual AML. Para potenciar esse conhecimento do ponto de vista científico e do ponto de vista turístico, o projecto prevê a criação de uma rede local, envolvendo responsáveis públicos e privados, como universidades e centros de investigação, e de uma rede metropolitana que inclui, além de Lisboa, 20 municípios vizinhos: Alcochete, Alenquer, Almada, Amadora, Arruda dos Vinhos, Barreiro, Cascais, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.
No âmbito do projecto, será também promovida a valorização e musealização do Criptopórtico, na Rua da Conceição, em Lisboa, um dos monumentos romanos que mais curiosidade despertam aquando da abertura anual ao público. Estão previstas também exposições, conferências, roteiros, entre outras iniciativas e, a longo prazo, a criação de uma rede internacional que ligue as cidades com presença destes vestígios, em toda a extensão do antigo Império Romano, de Portugal a Israel.
Evolução da Lisboa Romana
Apesar de não ser conhecida qualquer descrição da Lisboa romana, sabe-se que foi um importante centro urbano. Tinha estatuto de cidade semelhante às cidades da metrópole, distinção que raramente era concedida. Desse tempo, subsistem hoje vestígios na colina sul do castelo (onde foi erguido um Teatro), na Praça da Figueira (local da necrópole), na Praça D. Pedro IV (localização do circo) e em vários pontos junto ao rio, desde a Rua do Ferragial ao Campo das Cebolas. Com o fim do Império, a metrópole romana foi absorvida e desmantelada para dar lugar à cidade medieval e, após o terramoto de 1755, à Lisboa Pombalina. Mas o interesse pela cidade romana nunca se perdeu, ganhando um novo impulso em meados do século XX, com a realização de várias campanhas arqueológicas e o início de projectos para a preservação e recuperação dos principais vestígios.
Estão identificados na AML cerca de 350 sítios de interesse arqueológico da época romana, o que, nas palavras do Presidente da Câmara de Lisboa, “é um número impressionante” e, acrescenta, “aqueles que não são agora visíveis, serão de alguma forma tornados visitáveis.” O objectivo, diz Fernando Medina, é “pôr isto à vista de todos”.
Entre as instituições públicas e privadas envolvidas, estão o Castelo de S. Jorge, a Direcção Regional da Cultura do Norte, a Direcção Geral do Património Cultural, o Museu de Lisboa, o Museu Nacional de Arqueologia, o NARC/ Fundação Millennium BCP, a Empark, a Veiga de Mago.
Entidades parceiras confirmadas: Fundação Millennium BCP, Hotel Eurostar Museum, Hotel Governador, The 7Hotel, Restaurante Pátio de Alfama, Casas e lojas particulares. O projecto é co-financiado pelo Casino de Lisboa.
Em cima: Fernando Medina apresenta Lisboa Romana.
Em baixo: Inês Viegas, coordenadora do projecto.
Quando? Como?
2018/2019
Identificação de todos os sítios arqueológicos de época romana no território abrangido;
Operacionalização de percursos integrados entre a Cidade e a Área Metropolitana;
Desenvolvimento de 9 linhas de investigação coordenadas cientificamente por professores e investigadores associados a Universidades e a centros de investigação;
Apresentação do Website;
Apresentação da APP.
2020/21
Abertura do Criptopórtico e do Centro Interpretativo, para um novo e qualificado acesso do público;
Identificação com QR-codes de alguns locais da cidade e da área Metropolitana, que possam transportar os visitantes para informação em plataformas digitais;
Continuação da operacionalização de percursos na Área Metropolitana;
Lançamento de produtos gastronómicos.
2021-2024
Realização uma grande exposição monográfica e edição do respectivo catálogo;
Realização de um Congresso Internacional, com vista à constituição ou adesão a Redes Internacionais de índole científica e patrimonial;
Edição de um Corpus Epigráfico promovendo-se a sua actualização por ocasião dos 80 anos da publicação “Epigrafia de Olisipo”, de 1944, de Augusto Vieira da Silva, abrangendo-se agora toda a Área Metropolitana.
2018-2024
Plano Editorial ao longo da vigência do projecto (9 Volumes);
Lançamento de merchandising ao longo da vigência do projecto.
Lisboa Romana em Números
350 Sítios arqueológicos identificados por concelho que poderão ser conhecidos através de um mapa interactivo no Website e aplicação.
9 Linhas de Investigação coordenadas por professores e investigadores ligados a Universidades e Centros de investigação.
96 Investigadores envolvidos: Arqueólogos, historiadores, sociólogos, antropólogos entre outros
5 Instituições Universitárias parceiras: faculdades e centros de investigação das Universidades de Aveiro, Coimbra, Lisboa, Évora, Nova e o Instituto Universitário Egas Moniz;
5 Empresas de Arqueologia: Era, Neoépica, Eon, Empatia e ArqueoHoje.
17 Câmaras Municipais da área metropolitana já a trabalhar no projecto:
Lisboa, Alcochete, Almada, Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Cascais, Loures, Mafra, Moita, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Sintra, Torres Vedras, Vila Franca de Xira.
Fotografias: Rui Valido.
Informações: Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa